segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sobre a gratidão, sobre segundas-feiras e sobre os meus motivos

Ontem senti saudades da melancolia. Assim e por nada, saudade do vácuo que ela faz no peito e que cobra respostas, incita vontades: escrever, amar, pintar de azul as cortinas do Sol... o bem-estar, por vezes, rasa. Eu queria mergulhar no cinza pra me sentir humana.


A meditação é linda de tal forma que faz com que qualquer sensação tenha gosto certo, e que o sentimento explore cada centímetro da alma. Faz com que, qualquer coisa, aconteça. E foi assim que hoje eu acordei melancólica. Em plena segunda-feira.

Por isso, sou grata. Fazendo imenso esforço, dispenso a vítima romântica, uma das minhas principais máscaras, pra agradecer, seja lá a quem for, por me dar de volta a sensação da segunda-feira, tão necessária pra me perceber, também, vulnerável. Segunda-feira que me despertou chuvosa, por sinal (me esforço pra evitar o egocentrismo, tamanha a exatidão com que o Universo me concedeu o pedido).

Se você quer saber, eu devo lá ter meus motivos pra querer me nublar. Sabe que o ser humano é esquisito de uma maneira tão contraditória que às vezes fica mais bonito e mais entregue quando sofre? Acho que eu queria ficar mais bonita.

Porque a vida ainda é feita de muitos símbolos, símbolos que já estão tatuados inevitavelmente. E porque hoje é uma segunda-feira chuvosa de Lua Cheia, e porque eu sou mulher, poeta e apaixonada, eu peço melancolia, símbolo-chave pra poder (te) escrever. E quem sabe a terça-feira me ensolare os sentidos, e a Lua Cheia ache de me engravidar não de poemas, mas sim de feitiços, que vão te trazer até a mim. Aí sim, calados, não precisaremos de símbolos. E nem de segundas-feiras.