Palavra de mulher
Aqui: vem, entra. Aqui que minha mulher poética habita - e é nesse nada bidimensional que eu vou te prender também... pensa que eu não vi? Você foi mas se ficou em epifanias miúdas que engrandecem com o luar, em doçuras solares que me queimam cantarolando inocências. E o que não vi eu sei que ficou também, como sua boca no meu pescoço; temo que nem queira vir busca-la, você que já aprendeu a cantar e comer com os olhos.
Antes de entrar, deixa tua malícia de mulher de lado que eu não gosto de competição. Não me elogie tanto assim, que eu me embaraço de me derreter em estrelas, e viro vassalo ao avesso quando finjo que não piro. Vem, deita e não dorme, que esse teu espírito feminino pode sugar as poesias da minha mulher quando eu fechar os olhos e delirar de você. Vem, meu homem, mas não sorria: estou de luto porque já me apaixonei demais. Venha despido que suas flores machucam meu ego já entorpecido, venha e me tire o vinho da ideia, dizendo coisas amargas como frutos.