quarta-feira, 13 de abril de 2011

Rouge

Quando dança a noite,

Ruge minha fome de amor
No quarto vermelho dos fundos;
Mas você tem dever de casa. Não vem.
Sonha a cabeceira da cama
Com gritos de acordar a madrugada.
Homens estão prestes a se realizarem
Através de um tal escolhido
(sabe lá por quais leis dionisíacas)
E você se insinua. Mas não vem.
Será que você sabe o que quer?
Se sabe, vê o que pede uma mulher?
O teatro das promessas me entedia.
Palavras quentes, deslizantes,
Que não me preenchem o útero
Que mal afagam a mente:
Preciso de mais pra me impressionar.
Se você quer ter uma mulher,
Seja seu homem;
Se quer enrolá-la
Seja, no mínimo, poeta.
Porque a mulher que trabalha
Estuda, se estressa, se espalha
E ainda tem cabeça pra esperar
Um homem que não sabe chegar
Vai acabar preferindo se encontrar
No colo de outra mulher.