sábado, 28 de julho de 2012


O inseto verde chegou e me perguntou: “Está pronta?”. Não! Tenho que melhorar meus olhos, pintar alguns versos. Mas aí os meus desejos suavam... vontade de cachoeirar de novo! Que eu nunca estou pura o suficiente, nunca estou. O inseto esperou. Esperou. E eu continuei conversando com o espelho: charme de noiva. Dancei sozinha músicas indizíveis. Ninguém perguntou nada. Eu tinha muita certeza de tudo. Estava linda. No vidro cheio de imagens repetidas de mim eu me perdi no Tempo, tranquila que eu era de tê-lo tão esparso aos 20, e quando olhei pra trás não vi mais o bicho verde. Teria sido um delírio-de-mel? Fui buscar o diário. O inseto estava lá, esmagado entre minhas folhas perfumadas, borrado da minha tinta grega de tragédia. Não falou nada. Devia estar morto, mas eu não quis acreditar. Tenho um medo terrível das coisas que morrem. Arrumada à toa, virei a página da esperança e fui fazer uma poesia

quarta-feira, 4 de julho de 2012


III (começo do fim)

O dia do foda-se é o dia da despedida.
 O dia de ser demitida. O dia de despedir minha paz.
 Dia de mandar embora – “em boa hora” – tudo que não cabe mais,
 Mas que eu esperava tanto que, livre da ação engordurante do tempo,
 Eu voltasse a ser menina pra vestir –
 “Esperança” é bonito, mas esperar é um saco.
 Vou me despir de você
 Porque minha poesia jamais ficaria nua na sua frente.
 Com você de frente ela é sempre um mar de rosas,
 Mas já experimentou levar caldo?
 Cansei do seu sal. Quero sem sal dessa vez.
 Água de cachoeira pra me lavar.
 (Mas não quero que seja doce,
 Que é pra eu não enjoar...)
 Seu garçom, caboclo-da-mata,
 Traz uma poesia sem par?