O inseto verde chegou e me
perguntou: “Está pronta?”. Não! Tenho que melhorar meus olhos, pintar alguns
versos. Mas aí os meus desejos suavam... vontade de cachoeirar de novo! Que eu
nunca estou pura o suficiente, nunca estou. O inseto esperou. Esperou. E eu
continuei conversando com o espelho: charme de noiva. Dancei sozinha músicas
indizíveis. Ninguém perguntou nada. Eu tinha muita certeza de tudo. Estava
linda. No vidro cheio de imagens repetidas de mim eu me perdi no Tempo, tranquila
que eu era de tê-lo tão esparso aos 20, e quando olhei pra trás não vi mais o bicho
verde. Teria sido um delírio-de-mel? Fui buscar o diário. O inseto estava lá,
esmagado entre minhas folhas perfumadas, borrado da minha tinta grega de
tragédia. Não falou nada. Devia estar morto, mas eu não quis acreditar. Tenho
um medo terrível das coisas que morrem. Arrumada à toa, virei a página da
esperança e fui fazer uma poesia.
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