quarta-feira, 25 de maio de 2011

Meu ouro, negro

O Rio é um lugar de noites e manhãs (manhãs que começam muito cedo, noites que terminam muito tarde). Ouro Preto é um lugar da tarde. Tardes eternas, entre colchas e segredos, construções inventadas pra parecerem antigas, e o cheiro da madeira atemporal que nos liberta do espectro da tal (pós?) modernidade. Quero que essa atmosfera vire anjo das minhas noites insones, chá caseiro para acompanhar meus intermináveis estudos, universitários tal qual essa cidade é.
Quero abrigar-me no frio úmido, choroso, que nada me esquenta mais do que olhar para a profundidade desse vale, que me faz pensar na vida e ter orgulho de vive-la.
Aqui durmo bem. Acordo cheia de preguiças infantis e inconfessáveis. E quando o Sol finge que vem, eu consigo me levantar. Meu violão me chama, a cidade pede jazz, mas o meu coração quer composição própria, e o meu violão se apaixonou por esse lugar.
O Rio parece menos sem graça daqui, porque sinto saudades. A viagem é um entre-lugar, motivo máximo para a Literatura, mas Ouro Preto é meu. Não volto, Rio, enquanto eu não te reinventar.

2 comentários:

  1. Adorei o post, estou acompanhando escreva mais quando puder. Kiss

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  2. Uma vez quando em Ouro Preto, deu alguma coisa, bem como isso aqui:

    Epigrama d’Ouro VI

    Não posso com essa beleza toda,
    o grotesco é necessário para a
    manutenção da sanidade,
    para que o meu espaço ocupado
    não me deixe mais ainda
    com o ego destroçado.

    Axé pra vc, nas bandas daí...

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