domingo, 3 de julho de 2011

Eu não sou nenhuma santa

Muitas vezes desejei um homem que gostasse de poesia como eu, que fosse sensível a música e a beleza da vida, que soubesse me tocar com a delicadeza de um passarinho e que não desistisse nunca de tentar voar.
Eu encontrei. Meu homem lia tanta poesia que se desmanchava, se transformava em música e me deixava sem par. Me tocava tão leve que eu não sentia, queria tanto voar que chorava.
Eu continuava o amando e chorando com ele. Por ele. Por mim, que estava presa ao lamento triste de minha fênix, que nunca conseguia renascer. Lá fora o povo sambava, bebia e ria, mas eu me contia: estava em busca de uma felicidade maior.
Meu amor deu poema, deu samba, mas nunca me deu alegria.
Mudei o foco. Amei homens vis, brutos, solitários, velozes, ferozes, vadios, mulatos, vampiros; santos. E a todos eles tive vontade de perguntar: o que você tem de tão bom pra que pense que eu sou sua?
Desisti. Fica acordado que amor e cigarro fazem mal pro coração, pros pulmões, pra sanidade. Sem amor, o resto é brincadeira. E brincadeira tem que ser boa, porque a vida às vezes é má. Se feio, se gordo, se jovem, não sei: eu quero um homem engraçado pra rir comigo do amor (mas me amar). 

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