domingo, 24 de fevereiro de 2013


Almatéria: insolicitude


Tenho me alimentado
Insistentemente do insólito.
E ,por isso, a única solução para suportar
É esquecer:
As maravilhas indolentes
Os feitiços jovens e bobos
A cor de ouro incômoda
Do insólito
Tem me feito penar
E por isso a poesia.

O gosto é que é ruim de tirar.
Tem o sabor do nada,
Como um chá de vento
Ou como a água.
Não dói nem tem poder
Mas como todo faz-de-conta
Me consome e me faz poeta.

Não sei se não o quero mais.
Sei que o insólito às vezes me esbarra nas ruas
E quando sinto o seu não-cheiro
Acho uma pena
Que a vida acabe e que a memória escoe.

Tenho questionado minha pretensa
Estabilidade emocional:
Ô palavra longa. Escadeira.
Não sei se rio ou se choro.
O  insólito repentinamente
Despejou em meus olhos
A embriaguez lúcida de um adolescente.

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