terça-feira, 19 de março de 2013

O amor nos tempos do cólera.

Suspiro essa frase com a certeza
Que os deuses tem dos homens:
Não te esqueço.
Por nada, que eu não te esqueço.
Construo filmes, diálogos
A fim de chegar nessa cena-precipício
No momento-arrebite que há de me sintetizar,
Que me venha o timing:
Não te esqueço.
Mas o timing não existe
Pro meu não-esquecimento,
Que está sempre acontecendo.

O ritual da poesia me parece pouco.
Precisaria compor uma valsa ao revés
Simbolizando os percalços, as inovações
O estilo próprio e a novidade que é
O fato de não poder te esquecer.
Me imagino velha (sou tão poeta),
E juro que sei que não te esqueço.
Te direi essa frase pra confortar
Todas as outras variáveis da sua vida.

Você não acredita muito
Porque me fui de ti com outras doçuras
E crês que um dia te sangrei entre as pernas.
Sei que me esqueces,
Ou que não lembra mais de gostar.
Mas, no meio de todos os rios,
No cume de todos os bailes e ritmos:
Não te esquecerei nem se a memória caducar,
Porque você é a base de todos os meus poemas.

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