sábado, 5 de dezembro de 2009

O amor dos anjos nas verdades do Poetinha ou de Vinicius

Tem essa horinha assim em que Deus vem, todo sem jeito, me pedindo que entregue seu corpo de vez. Eu fico toda dor, que saudades vou ter do jeito que você tem de se ser, dos seus olhos que sabiam ser irresistivelmente doces – e dos sorrisos sapecas, e dos gestos eloquentes, e de todos os clichês apaixonados de Leoni – e eu já num anúncio do vazio de você.
Mas eu acato. Te acato, Deus. Te acato de olhos fechados pra que as lágrimas não te apiedem. Te acato porque a paixão enlouqueceu o amor, e ele chora inconformado quando o sexo vira duelo. Te acato sempre, porque esse meu amor é humano também, e a hora da morte é com Teus anjos; acato.
E então dá-se o que transcende. Vejo o corpo dele brilhando em glória, e aquele segundo em que ele é deus e homem, no desembaraço da alma e do que perece. Ele sente o momento e seu olhar é quase um grito, meu Deus, tira essa imagem de mim pra que não corrompam os olhos doces.
...
Foi. Tão lindo que me deixou de herança o amor, já divinizado e sem carne.
Olha, meu amor, eu te prometo cuidar desse sentimento-luz, das suas palavras suspirantes, dos nossos filhos-poemas, das nossas tantas músicas e das estrelas do meu terraço. Prometo não bagunçar minha memória poética, e Clarice já prometeu me ajudar a não me perder. Prometo ser pôr-do-sol e não me abandonar de pirraça, porque é me sendo que ainda te sou. E, por fim, prometo o que sempre buscamos e que mal sabíamos que não é nessa terra de Santa Cruz que se consegue ------ prometo o (nosso) amor em paz.

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